17/12/2008
A mochila é uma ferramenta tão útil para um estudante como o estojo de lápis, a borracha e o apontador. Práticas e espaçosas, elas permitem organizar o material em compartimentos internos e em bolsas laterais e facilitam o transporte em comparação com as pastas de mão.
– A melhor maneira de carregar o material escolar é numa mochila levada rente às costas, no centro do corpo. Nesta posição, o peso fica bem distribuído e é sustentado pelos músculos mais fortes, que são os da coluna e do abdome – explica Mariana Jorge.
Mas uma mochila sobrecarregada pode ser um peso para a vida toda. Porque se é de pequeninho que se torce o pepino, também é desde pequeno que se pode causar danos irreversíveis à coluna carregando livros e cadernos de casa para a escola e vice-versa.
Uma mochila muito pesada ou mal utilizada pode hiperestender as costas da criança ou levá-la a adotar posições como a de inclinar a cabeça e o tronco para frente, para compensar o peso. Isso acarreta em fadiga e lesões musculares que podem evoluir para problemas mais graves, como escoliose (o desvio da coluna para um dos lados) e cifose (curvatura da coluna que ocorre quando a pessoa joga com freqüência o peso do corpo para a frente).
Estudos médicos e algumas leis estaduais – no Rio Grande do Sul, o projeto de lei 42/1998 tenta regular o assunto – determinam que um adolescente não pode carregar mais de 10% de sua massa. Exemplo: se ele pesa 40 quilos, a mochila não pode exceder os quatro quilos.
Partindo dessa relação, Mariana, Jenniffer e João decidiram avaliar se as mochilas colegiais estavam de acordo com os limites toleráveis. A pesquisa durou quatro meses. Após entrevistar traumatologistas e especialistas, eles foram para a parte prática: todos os dias, durante uma semana, pesaram 10 colegas e suas respectivas mochilas.
Do grupo analisado, 50% ultrapassaram o valor de 10% de sua massa, 10% carregavam o peso ideal na mochila e 40% levaram menos de 10% de sua massa. No caso mais extremo, um aluno levava oito quilos, que corresponderam a mais de 15% dos 52 quilos do estudante. Outro estudante, que pesava 77 quilos, carregava 10 quilos (o equivalente a dois sacos de farinha dos grandes, por exemplo).
– Quando penduravam a mochila no encosto da cadeira, ela virava com o peso – lembra a professora Lisandra.
Armários nas escolas, já
A pesquisa dos estudantes Mariana Jorge, Jenniffer Unfer e João Berlese venceu a categoria Social da feira de ciências do Colégio Marista Assunção. Mas o trabalho não acabou aí. Pelo contrário, foi o estopim de uma discussão que se espalhou pela escola inteira e acabou trazendo resultados práticos.
– Conseguimos sensibilizar a comunidade escolar sobre o problema. O grêmio estudantil se mobilizou e agora a direção do colégio planeja colocar armários para os estudantes guardarem o material, já que é inviável acabar com a exigência do uso de livros – diz Mariana.
A instalação de armários nos colégios para os estudantes guardarem pelo menos parte do material é uma das medidas previstas pelo projeto de lei 42/1998 (proposto pelo deputado estadual Vieira da Cunha), inclusive estabelecendo multas para as escolas que não tivessem esses equipamentos colocados gratuitamente à disposição dos alunos. Ajuda, mas não são a solução definitiva, avalia Jenniffer.
– É que você também precisa ter o material em casa, para fazer um tema ou estudar para uma prova – diz ela.
A solução, aliás, é complexa. Um dos itens que mais pesam na mochila escolar são os livros didáticos. Hoje, boa parte deles inclui, em apenas um exemplar, todo o conteúdo que será estudado ao longo dos três anos do Ensino Médio, por exemplo. Isso torna o material mais barato. Por outro lado, um único livro pode ser mais grosso do que um dicionário e pesar dois ou três quilos. E, em alguns dias da semana, o aluno precisa levar dois ou três deles para a escola.
– Por isso, o peso das mochilas variou bastante conforme as matérias do dia. Na quarta-feira, observamos a maior média de peso. Na terça-feira, a menor – conta Mariana.
Mas há outras maneiras de amenizar o problema. A mais simples seria não levar para a escola coisas desnecessárias.
– Encontramos muitas inutilidades nas mochilas, até chuteiras – diz Jenniffer.
Aliviar a mochila de bugigangas desnecessárias é bom. Mas também não é preciso exagerar. Entre os 40% de alunos que levam pouco peso na mochila, havia os radicais.
– Tinha gente que não levava nem o caderno para a escola – brinca Mariana.
– A melhor maneira de carregar o material escolar é numa mochila levada rente às costas, no centro do corpo. Nesta posição, o peso fica bem distribuído e é sustentado pelos músculos mais fortes, que são os da coluna e do abdome – explica Mariana Jorge.
Mas uma mochila sobrecarregada pode ser um peso para a vida toda. Porque se é de pequeninho que se torce o pepino, também é desde pequeno que se pode causar danos irreversíveis à coluna carregando livros e cadernos de casa para a escola e vice-versa.
Uma mochila muito pesada ou mal utilizada pode hiperestender as costas da criança ou levá-la a adotar posições como a de inclinar a cabeça e o tronco para frente, para compensar o peso. Isso acarreta em fadiga e lesões musculares que podem evoluir para problemas mais graves, como escoliose (o desvio da coluna para um dos lados) e cifose (curvatura da coluna que ocorre quando a pessoa joga com freqüência o peso do corpo para a frente).
Estudos médicos e algumas leis estaduais – no Rio Grande do Sul, o projeto de lei 42/1998 tenta regular o assunto – determinam que um adolescente não pode carregar mais de 10% de sua massa. Exemplo: se ele pesa 40 quilos, a mochila não pode exceder os quatro quilos.
Partindo dessa relação, Mariana, Jenniffer e João decidiram avaliar se as mochilas colegiais estavam de acordo com os limites toleráveis. A pesquisa durou quatro meses. Após entrevistar traumatologistas e especialistas, eles foram para a parte prática: todos os dias, durante uma semana, pesaram 10 colegas e suas respectivas mochilas.
Do grupo analisado, 50% ultrapassaram o valor de 10% de sua massa, 10% carregavam o peso ideal na mochila e 40% levaram menos de 10% de sua massa. No caso mais extremo, um aluno levava oito quilos, que corresponderam a mais de 15% dos 52 quilos do estudante. Outro estudante, que pesava 77 quilos, carregava 10 quilos (o equivalente a dois sacos de farinha dos grandes, por exemplo).
– Quando penduravam a mochila no encosto da cadeira, ela virava com o peso – lembra a professora Lisandra.
Armários nas escolas, já
A pesquisa dos estudantes Mariana Jorge, Jenniffer Unfer e João Berlese venceu a categoria Social da feira de ciências do Colégio Marista Assunção. Mas o trabalho não acabou aí. Pelo contrário, foi o estopim de uma discussão que se espalhou pela escola inteira e acabou trazendo resultados práticos.
– Conseguimos sensibilizar a comunidade escolar sobre o problema. O grêmio estudantil se mobilizou e agora a direção do colégio planeja colocar armários para os estudantes guardarem o material, já que é inviável acabar com a exigência do uso de livros – diz Mariana.
A instalação de armários nos colégios para os estudantes guardarem pelo menos parte do material é uma das medidas previstas pelo projeto de lei 42/1998 (proposto pelo deputado estadual Vieira da Cunha), inclusive estabelecendo multas para as escolas que não tivessem esses equipamentos colocados gratuitamente à disposição dos alunos. Ajuda, mas não são a solução definitiva, avalia Jenniffer.
– É que você também precisa ter o material em casa, para fazer um tema ou estudar para uma prova – diz ela.
A solução, aliás, é complexa. Um dos itens que mais pesam na mochila escolar são os livros didáticos. Hoje, boa parte deles inclui, em apenas um exemplar, todo o conteúdo que será estudado ao longo dos três anos do Ensino Médio, por exemplo. Isso torna o material mais barato. Por outro lado, um único livro pode ser mais grosso do que um dicionário e pesar dois ou três quilos. E, em alguns dias da semana, o aluno precisa levar dois ou três deles para a escola.
– Por isso, o peso das mochilas variou bastante conforme as matérias do dia. Na quarta-feira, observamos a maior média de peso. Na terça-feira, a menor – conta Mariana.
Mas há outras maneiras de amenizar o problema. A mais simples seria não levar para a escola coisas desnecessárias.
– Encontramos muitas inutilidades nas mochilas, até chuteiras – diz Jenniffer.
Aliviar a mochila de bugigangas desnecessárias é bom. Mas também não é preciso exagerar. Entre os 40% de alunos que levam pouco peso na mochila, havia os radicais.
– Tinha gente que não levava nem o caderno para a escola – brinca Mariana.