Motivado pela falta de informações sobre a pandemia que chega às comunidades carentes da capital gaúcha, o terapeuta ocupacional Lucas Fonseca, através do CAPS AD IV Centro Céu Aberto, criou o projeto Comunicação Aberta Céu-Rua. O principal objetivo da iniciativa é abrir um canal de comunicação que leve informações sobre a COVID-19, prestando assistência e atenção especializada em saúde mental para população que se encontra em situação de extrema vulnerabilidade social na região central de Porto Alegre.
Munidos com microfone, caixa de som, os EPIs necessários, o terapeuta ocupacional e um técnico de enfermagem, têm um encontro marcado diariamente na Rua Comendador Azevedo, para acolher a comunidade em situação de rua e abrir esse espaço de diálogo sobre a doença e outros assuntos que envolvem o cenário atual.
Para facilitar a aproximação com o público, é preciso muita criatividade. O terapeuta ocupacional encontrou uma ótima forma de estabelecer um vínculo e se aproximar da comunidade. “Utilizo a música RAP e a cultura Hip Hop como ponte para estabelecer o diálogo cotidiano com os usuários”, completa Lucas.
Como se pega? De onde veio essa doença? Vamos morrer? Porque mais idosos ficam doentes? Quem mora na rua é mais forte para o vírus? Essas são apenas algumas das inúmeras perguntas que surgem em relação à COVID-19 e é nesse espaço aberto para o diálogo que os moradores de rua encontram as respostas e podem se expressar.
Os profissionais ainda levam informações sobre o funcionamento de serviços da rede intersetorial. Após serem acolhidos no serviço do CAPS AD IV Centro Céu Aberto, os usuários recebem toda atenção e suporte, respeitando as necessidades individuais.
“Trata-se de uma delicada ação extremamente desafiadora e inédita no Brasil. É fundamental analisarmos o desejo deste público para que tenhamos sucesso na ação. Eles querem ser abordados para dialogar sobre COVID-19, prevenção e contaminação? Muitos entendem o mundo de diferentes maneiras, portanto precisamos partir da falta de determinismos acerca deste tão complexo público”, afirma o terapeuta ocupacional Lucas Fonseca.